segunda-feira, 29 de setembro de 2014

DIAMANTINA - PASSEIOS E CONCLUSÃO - 31/12/2014 E 01/01/2015

Hoje parecia que estávamos acordando de um sonho... Era difícil de acreditar que havia acabado, sensação saudosista comum, pós  cicloviagem

Levantei as 6h e fui dar uma sondada na janela. A pousada fica a uns 2 km do centro, na parte mais alta da cidade (é claro...). Por isso, a visão da sacada é mesmo muito bonita!


Como estamos em um Hostel, não tinha certeza se haveria café da manhã. Ao subir no andar superior, vi uma mesa posta, com muitas coisas para comer. Ao retornar, vi também sobre a mesa da recepção, um folder oferecendo um passeio, tipo city tour. Ele contemplava lugares como Cruzeiro / Mirante, Caminho dos Escravos, Parque Biribiri e Cachoeira Sentinela e Cachoeira do Cristal, pontos turísticos famosos de Diamantina. Pensei comigo, se ficarmos por 'aqui', no máximo andaremos como uns 'condenados', pela parte central da cidade, e depois voltaremos para o Hostel, cheios de bibelôs desnecessários, principalmente movidos por este sentimento de querer levar o lugar conosco. Por isso, voltei ao quarto decida a tentar convencer meus amigos a fazerem o passeio. Aos poucos, um a um foi acordando e assim que possível, comentei sobre o passeio, que custava R$ 50,00. Para minha alegria, rapidamente todos toparam. Mandei uma mensagem para Vera e Zé, que estavam em outra pousada, que também concordaram com o passeio. 

Subimos todos para o nosso penúltimo desjejum de viagem. Apesar de simples, não podemos reclamar de nosso café da manhã, que tinha tudo o que precisávamos. 




Descemos até o centro da cidade, passando pela Rua da Glória, a fim de apresentarmos o Passadiço da Glória para nossa querida Maria.

Passadiço da Glória: Suspenso sobre a rua, a passagem liga dois sobrados. Um prédio foi residência dos intentes de diamantes, em 1780. O outro, era um orfanato, em 1850. Mais tarde, foi transformado num colégio para meninas e ai ganha o Passadiço, a fim de evitar que tais meninas precisassem passar pela rua, não tendo assim, contato com a cidade. 


Assim que chegamos em frente a igreja, encontramos nossos amigos Verinha e Zé, além de conhecermos outras pessoas, que também procuravam o ponto de encontro do passeio. Entre elas, havia uma senhora de 80 anos chamada Cianeya, que está hospedada conosco no Hostel. 




Quando o guia chegou, logo percebeu que, devido a quantidade de pessoas, necessitava-se pedir mais um carro. O passeio atrasou um pouco, mas ele prometeu compensar isso no final. Assim que todos estavam a bordo, partimos em direção ao primeiro ponto turístico. 


Cianeya, já em seu primeiro comentário, 'causou'. O guia explicava sobre os passeios que faríamos e comentou que o almoço seria no parque Biribiri, ao que ela pergunta: 'Mas lá tem cerveja?' Todos imediatamente caíram na risada... e ela complementa: 'Se não tiver, me deixe em outro lugar que tenha, pois não posso sentir abstinência!' Com certeza esta linda roubaria a cena de muitos outros momentos do dia!


O primeiro passeio foi no Cruzeiro Luminoso. 

Cruzeiro Luminoso: O cruzeiro original era denominado Cruz de Anastácio, em homenagem ao mestre carpinteiro que o construiu em madeira de aroeira. Em 1938, a antiga cruz foi substituída pela atual, em cimento, devido as comemorações do primeiro centenário de fundação da cidade. Edificado no alto de um penhasco, sobre um pedestal de pedra, propicia uma visão privilegiada da cidade. 






Nosso querido guia nos explicou sobre este ponto turístico e, na sequencia, seguimos para o Caminho dos Escravos.



Caminho dos Escravos: Iniciado oficialmente no Mercado dos Tropeiros, o caminho foi construído entre os século XVIII e XIV e fazia parte da antiga Estrada Real. Retratando uma das facetas mais cruéis do Brasil, foi construída por mão de obra escrava, para dar acesso ao distrito de Mendanha, onde havia grandes quantidades de diamantes. Hoje, ainda há um pequeno trecho deste caminho bem conservado e aberto a visitação.



Primeiramente pudemos vê-lo de cima e na sequência fomos convidados pelo guia a descer e caminhar por lá. É claro que, para isso, tivemos que percorrer uma trilha por uma descida bonita, mas também um pouco perigosa. Seguem algumas fotos.













Observem a inclinação do Caminho.



Na sequência, entramos novamente na van e seguimos para o parque Biribiri.

Parque Estadual do Biribiri: O parque localiza-se a uns 10 km do centro da cidade, na Serra do Espinhaço. Dentro do parque, há várias cachoeiras e uma vila que possui um importante registro histórico da industria têxtil mineira, criada pelo Bispo D. Antonio João dos Santos, em 1876. Com uma igrejinha e aproximadamente 32 casas, a vila é ainda muito bem conservada. Vale dizer, que esta foi uma das primeiras comunidades fabris do estado. 

A estrada tem muitos buracos, descidas e subidas, típicos de minas. No trajeto, nosso guia segue contando várias histórias e causos da época. Logo no início do parque, a van estaciona para que sigamos a pé até a Cachoeira Sentinela, com uma sequência de cascatas e prainha. Ficamos por ali uma hora e aproveitamos para entrar para nos refrescar.










As horas passaram e por isso já estávamos com fome. Seguimos então até a vila, a fim de almoçar. 









Fomos muito bem acompanhados por Cianeya, que nos contou toda sua história de vida enquanto almoçávamos. Ela e o marido moravam no Rio de Janeiro. Mas assim que ele ficou muito doente, ela teria comentado com ele que não gostaria de permanecer lá, caso ele viesse a falecer. Por isso, antes de morrer, ele deixou tudo organizado para que ela pudesse se mudar para uma cidade menor... e foi exatamente o que ela fez! Sem medo de ser feliz, aos 62 anos, mudou-se para Águas da Prata e de lá para cá, vem 'curtindo' a vida viajando. Anualmente, visita cidades turísticas brasileira, sempre procurando se hospedar em albergues ou hostel, para não gastar muito. Com uma cabeça muito boa, ela esbanja saúde, bom humor se fazendo uma excelente companhia... saímos de lá simplesmente apaixonados pela 'velhinha' que dá um 'baile' em muita mocinha! Quando questionada sobre sua vitalidade, ela nos diz: 'Tomem cerveja!' rsrs. Demais...


Após nosso simples e delicioso almoço, seguimos para conhecer a famosa Cachoeira do Cristal.










Decidimos não nadar aqui e, com as horas passando, seguimos para van que rapidamente nos trouxe de volta a Diamantina. Vale comentar que, o motorista, é uma pessoa brilhante e pudemos ouvi-lo contando orgulhoso a história de sua linda família. Muito bondosamente, deixou Filipe e Carlão no hostel, pois tínhamos conseguido uns papelões no Cruzeiro, que seriam usados para embalar e proteger as bike's. Maria, Claudinha, Vera, Zé e eu, passamos numa loja, para comprar uns bibelôs da Estrada Real (totem), e depois seguimos para o supermercado, a fim de comprar plástico film para embalar as bike's e algumas bolachas e sucos, para a viagem de amanhã. 

Aqui conhecemos o André Luiz, dono da loja.
Quando chegamos, tivemos vontade de bater no tico e teco (Filipe e Carlão) que, ao invés de estarem desmontando nossas bike's, estavam de prosa e mexendo na bike de dois rapazes que pretendiam começar o caminho, no dia seguinte. O problema todo era que tínhamos hora para entregar as bike's, no guarda-volume da rodoviária... eram 17:45 e podíamos levá-las até, no máximo, 18:15. Corremos como uns loucos e após pegarmos um táxi, que muito gentilmente levou 5 bike's além de Filipe e eu (sentados na frente; eu no colo do Fi), chegamos exatamente às 18:17 na rodoviária. Infelizmente a mocinha do guarda-volumes ainda estava lá, mas nos disse que não abriria novamente o local, visto que já tinha passado da hora. Mesmo implorando sua ajuda, ela não abriu. O taxista, um cara 1000%, não se conformou com a atitude dela e, por isso, saiu pela rodoviária pedindo que alguém nos abrisse o local. Após uns instantes, ele voltou com um senhor, provavelmente faxineiro, que abriu e preencheu os ticket's, para deixarmos os volumes ali. Extremamente agradecidos, voltamos para o hostel com aquele sorriso de: 'Deu certo... novamente!' 

A noite, seguimos até  o centro de Diamantina para jantar e assistir a queima de fogos, da virada do ano. Quando chegamos, havia um show acontecendo na praça. Aproveitamos um banner local, para registrar nossa presença por ali. 



Logo Verinha e Zé chegaram, para nos fazer companhia.


Comemos algumas porções de comidas e petiscos, que estavam sendo vendidos em algumas barraquinhas, e ganhamos a sobremesa de nossa querida Cianeya. Como ninguém aqui é boêmio, às 22 hrs, não tínhamos mais 'pique' para permanecer ali. Seguimos caminhando pela praça e, de repente, a cantora passa a cantar uma música muito especial... Claudinha, Verinha e eu deixamos de seguir em frente e passamos a cantar, pular e dançar... foi cômico, pois a juventude da praça nos olhava e acredito que pensavam: 'Quem são essas doidas e que música é essa?' Não estávamos nem ai para isso e, no máximo de nossas vozes, cantávamos:

Meu amor, olha só, hoje o sol não apareceu
É o fim da aventura humana na Terra
Meu planeta, adeus
Fugiremos nós dois na arca de Noé
Olha bem, meu amor, é o final da odisseia terrestre
Sou Adão e você será

Minha pequena Eva (Eva)
O nosso amor na última astronave (Eva)
Além do infinito eu vou voar
Sozinho com você...

Depois de nosso curto momento de insanidade, seguimos rindo para enfim, anestesiados, nos despedirmos. 

No hostel, apenas Claudinha e Carlão permaneceram acordados para assistir a queima de fogos... Filipe, Maria e eu já estávamos na cama quando ouvimos e tivemos preguiça de levantar, rs.

No dia seguinte, acordamos às 4h e seguimos para a rodoviária às 5h. Tudo ocorreu perfeitamente, conforme o previsto. 


Ao voltar para casa, fica em nossa memória o resultado resumido de mais uma experiência única, que jamais será realizada da mesma forma e conteúdo. Fica a presença e ausência destas pessoas que admiramos, os quais colaboram conosco em nossa jornada e fazem do cicloturismo em grupo parte essencial do que, com todos os sentimentos mais profundos, chamamos de amizade.

Obrigada por mais esta experiência...

Obrigada vida!

The End

Fonte de Pesquisa
http://www.mochileiros.com/travessia-diamantina-mendanha-pelo-caminho-dos-escravos-serra-do-espinhaco-mg-jun-12-t73278.html
http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/Diamantina/port/lista.asp
http://viajeaqui.abril.com.br/estabelecimentos/br-mg-diamantina-atracao-passadico-da-casa-da-gloria-1879
http://www.ief.mg.gov.br/areas-protegidas/200?task=view
http://www.revistabicicleta.com.br/bicicleta.php?reencontrando_companheiros_dos_caminhos_cicloturisticos&id=4609

Fotografia:
Claudia Jak
Vera Marques

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