terça-feira, 30 de setembro de 2014

DIA 07 - ALVORADA DE MINAS A SÃO GONÇALO DO RIO DAS PEDRAS - 48 KM

ALTIMETRIA POR TRECHOS



Detalhes do Caminho

Alvorada de Minas a Serro - Este trecho será em asfalto. Serão 8 km de subidas, com uma pequena inclinação. Ao fundo será possível observar longos campos abertos mesclados com montanhas. A cidade de Serro abriga muitos casarios e igrejas coloniais, oferecendo ao turista boa comodidade. 

Serro a São Gonçalo do Rio das Pedras - Este trecho também será em asfalto. Após a subida de 6 km, chegará no povoado Três Barras onde é possível encontrar algum resquício do antigo calçamento da Estrada Real. Também passará pelo povoado de Milho Verde, com um tipo de alfândega, que controlava a passagem e ajudava a combater o contrabando. Com locais adaptados para recolher turistas de forma bastante agradável, contém um charmoso local para estada. Há uma bela paisagem a partir daqui com inúmeras cachoeiras de tirar o fôlego. Já em São Gonçalo, o turista poderá contemplar uma bela cachoeira de 70 m e outras belezas, com bastante infraestrutura turística. 

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Diário de Bike

Acordar no Recanto da Coruja foi uma experiência muito boa! Levantei umas 6 hrs e segui para o lado de fora do quarto, a fim de procurar uns 'clicks' para fazer... hoje encontrei Verinha fazendo o mesmo. A seguir, fiz um mix de nossas fotos.












Na sequência, seguimos para o desjejum com os nossos companheiros. 


E fizemos a foto oficial da partida, meio bagunçada desta vez, rs. 


Saímos de Alvorada bem cedo e pegamos um trecho de asfalto tranquilo. 



Maria estava muito cansada, provavelmente reflexo de ontem. Para sua 'sorte', seu pneu furou e ela conseguiu uma carona por uns 7 km, até próximo a cidade de Serro. Filipe e eu apertamos a pedalada para encontrá-la, a fim de podermos consertar seu pneu. Ela nos aguardou em frente a uma cooperativa de queijos. 


Arrumar o pneu foi fácil, o difícil foi colocá-lo novamente no lugar. Como já comentei, antes de vir para a viagem, ela havia levado a bike numa loja para colocar uma blocagem maior (parafuso traseiro que segura a roda)... o cara, ao invés disso, manteve a blocagem pequena e disse que havia feito o que ela pediu. Mas estava muito pequena pois, além da roda, a blocagem segurava também o bagageiro. Não estávamos conseguindo apertar de jeito nenhum e, ao forçar, espanou. Filipe até tentou refazer a rosca, mas não tínhamos as ferramentas necessárias. Enquanto ele fazia isso, entrei na cooperativa para pedir água. No caminho, passei pelo departamento de mecânica. Peguei a água e conversei com um senhor muito simpático que estava na porta. Ele rapidamente se prontificou a ajudar. Foi até lá fora comigo, pegou a blocagem e refez outra no tamanho certo, muito melhor! Foi incrível sua ajuda, é uma pena que não o fotografei... obrigada meu senhor, que Deus sempre abençoe pessoas como você!!

Enquanto aguardávamos a nova blocagem, nosso pessoal seguiu em frente e nos esperou na cidade de Serro. Paramos para calibrar o pneu da Maria, num posto de gasolina, e seguimos para o centro. Não tinha expectativas daqui, talvez por isso, me surpreendi muito! A cidade guarda belíssimos casarios e igrejas de refinada simplicidade, mantendo todo o charme do passado. O queijo de Serro é tão maravilhoso que já é considerado patrimônio imaterial, da cidade. 









Como havia passado um bom tempo desde que saímos de Alvorada, já estávamos com fome. Por isso, pegamos os carimbos e saímos procurar algo para comer... Zé, Verinha, Carlão e Claudinha queriam salgados... Maria, Filipe e eu queríamos comida. Por isso, nos separamos. No caminho, vi este pequeno bebê dog no colo de uma moça, que vendia edredons em uma caminhonete... não resisti! Peguei e fiquei uns minutos com ele no colo. 





Foi mesmo difícil dar tchau ao meu mais novo amiguinho mas, a vida é assim... tive de seguir em frente!

A rua principal estava super lotada de pessoas pelas lojas e restaurantes... achei que seria impossível almoçar aqui. Seguimos procurando enquanto apreciávamos as belíssimas sacadas das casas!


No final da rua, conseguimos ver no ponto mais alto da cidade a famosa capela de Serro, Santa Rita, de 1.745, com sua grande escadaria de 60 degraus






Após as fotos, encontramos um restaurante bem simples, que não tinha praticamente ninguém. Pedimos o almoço, que custava 12 reais por pessoa. Cheguei a pensar que seria um almoço ruim, pelo fato de estar vazio, mas foi muito melhor que a encomenda!


De repente, entrou um casal que percebemos estar de bike. Puxamos conversa com eles e descobrimos que também vieram com o objetivo de fazer o Caminho dos Diamantes. Talvez por desconhecerem fatores importantíssimos sobre esta rota, tinham ideia de fazê-la em apenas 4 dias... eles são bem experientes, pois já fizeram até o Caminho de Santiago e, de acordo com eles, pedalam com frequência. Mas perceberam que não conseguiriam fazer este Caminho em tão poucos dias, por isso, desistiram em Conceição do Mato Dentro e vieram até aqui de ônibus. Hoje, seguiriam de ônibus até seu destino final, Diamantina. Eles são divertidos e muito simpáticos. Pudemos até experimentar com eles o famoso queijo de Serro que haviam comprado.  


Nos despedimos de nossos novos colegas e, ao sair do restaurante, encontramos nosso querido amigo Zé. Seguimos com ele para pegar as bikes, que haviam ficado com Carlão e Claudinha, e depois partimos. 


Nossa próxima parada, será no distrito de Milho Verde. Olha as placas de Diamantina começando a aparecer !


O trecho a seguir era todo em asfalto. Na saída da cidade, nos perdemos um pouco e seguimos 1,5 km para a direção errada. Achamos estranho pois surgiram retas em nosso caminho. Até ficamos felizes por isso! Mas, achei melhor consultar um morador, que vinha caminhando no acostamento, e constatamos que devíamos estar indo no sentido oposto. Bom, como era uma reta, não foi tão difícil assim voltarmos. A parte difícil estava relacionada ao próximo trecho que, devido ao sol das 13h e ser em asfalto, começou a exigir bastante de nós. Maria, que já estava muito cansada desde cedo, era quem mais sofria. Combinamos que Maria, Zé e Vera tentariam pegar uma carona, assim que possível, e poderiam nos esperar em Milho Verde. Isso aconteceu bem rápido, numa Hilux cabine dupla, com ar condicionado e tudo... melhor impossível! 

Seguimos Claudinha, Filipe e eu. A cada quilômetro percorrido, o sol esquentava mais e a subida ficava íngreme. Claudinha não conseguia pedalar, por isso, Filipe e eu pedalávamos um pouco e aguardávamos, nunca a perdendo de nosso campo de visão. Mas, também comecei a passar mal. Em certo momento, minha visão escureceu. Tive de parar a bike e abaixar a cabeça para que a circulação voltasse ao normal. Filipe olhou em seu marcador, que apontava sensação térmica de 45º. Aguardamos Claudinha nos alcançar e combinamos que, o próximo veículo que passasse e tivesse condições, pediríamos carona. Após alguns quilômetros, uma picape Strada parou, assim que solicitamos. De início, ele não fez uma cara muito feliz, mas acabou concordando em nos levar. Arrumou até uma corda para amarrar as bikes. Claudinha seguiu na frente com eles, pois era cabine estendida e havia um banquinho atrás do passageiro, enquanto Filipe e eu seguimos na caçamba. 


As subidas eram intermináveis, mas as paisagens eram muito lindas. Quanto mais subíamos, mais eu o agradecia em pensamentos... aproveitei para registrar algumas fotos. 





Passamos por um rapaz pedalando sozinho, com carinha de sofrimento... sabemos o que está sentindo!




Enquanto estava sentada neste carro, pensei em tantas coisas... quando comecei a cicloviajar, andava com um grupo que, em quase todas as viagens, fazia questão de levar todo o aparato como barracas, fogareiros, etc. Pegar carona era algo inimaginável... morria-se na estrada mas não se aceitava carona. Por isso, meu ego dizia que devia pedalar ou morrer, não aceitar carona, jamais! Hoje discordo 100% desta tese. Esta viagem estava sendo muito difícil para todos nós. Se eu não tivesse recorrido a estas ajudas, em alguns momentos, provavelmente teríamos desistido e não teria tido o grande privilégio de conhecer pessoas e lugares incríveis... Por isso, consegui me livrar deste terrível sentimento de culpa, que ainda me afligia, e aproveitar o momento. 


Após uns 12 km, chegamos a Milho Verde e encontramos nossos amigos sentados em um bar. Assim que nos viram, soltaram aquele grito de alegria e vieram nos receber. Descobrimos uma grande coincidência... nosso caroneiro morou numa cidade ao lado da nossa, Votorantim. Ao descobrir isso, ele se soltou e ficou muito mais simpático! Pagamos umas rodadas de cerveja para eles que agradeceram muitíssimo!



Só tinha um probleminha... cadê o Carlão? Ele havia ficado para trás, em Serro, para ir ao banco sacar din din. Como ele pedala muito mais do que nós, seguimos sem ele na esperança que nos alcançasse. Como nos perdemos, ele provavelmente estaria a nossa frente agora, caso contrário, já teria nos alcançado. Mas aqui ele não estava nem havia passado. Embora ficamos preocupados, concluímos que talvez ele não tivesse parado aqui no bar e, por esta razão, as pessoas não o teriam visto. Decidimos seguir confiando que ele já estaria em S. Gonçalo nos esperando. 

Após alguns click's, permanecemos um tempo, no belo distrito de Milho Verde, e seguimos viagem.






Os moradores em Milho Verde, nos alertaram sobre uma longa e íngreme subida até S. Gonçalo... mais uma. Sem medo de ser feliz, seguimos todos juntos para enfrentá-la.




No início até consegui pedalar, mas depois, tive de empurrar. Por isso, Filipe pedalava e me esperava após uns metros. 




Para que cada um fosse no seu ritmo, prometemos aguardar uns aos outros na entrada de S. Gonçalo, aproximadamente uns 2 km a frente. 




Assim que entramos na cidade, aguardamos todos chegarem, conforme  o prometido. 



Seguimos todos juntos pelas ruas de S. Gonçalo, com calçamentos colonial, apreciando todos os detalhes das casas.  Só para variar, a pousada ficava na parte mais alta da cidade.





Maria foi uma guerreira! Apesar de ter já ter saído cansada, ela seguiu até o fim, praticamente sem reclamar... uma companheira e tanto de viagem!


Ao término da subida, vimos uma placa do Refúgio 5 Amigos e paramos para uma foto.  


Ao chegarmos na pousada, uma desagradável surpresa: Carlão não havia chegado. Meus Deus, uma pessoa que pedala tão bem quanto ele, não nos alcançou e ainda não chegou! O que teria acontecido?? Tentamos permanecer calmos, seguimos para nossos banhos, cuidamos de nossas roupas e nada. As horas iam passando e o dia começava a escurecer. Após umas 2 horas que já havíamos chegado, Claudinha pede para a D. Ana Maria, proprietária do refúgio, ligar para a polícia. Deixamos o recado, embora nos disseram que só fariam algo após 24h do desaparecimento. Ela ainda pretendia ligar para hospitais, mas convencemos a aguardar um pouco mais... cada um estava num canto. Filipe foi lavar as bikes, Maria se deitou na cama e Verinha na rede... Zé e Claudinha permaneciam à mesa, conversando sobre o que poderia ter acontecido. 



Eu me sentei no corredor da pousada, no chão, para ver as fotos de hoje. De repente, vejo um vulto passar na rua e quando olho vejo apenas os alforges vermelho sumindo de meu campo de visão. Dou o maior grito: CARLÃO!!! Saio correndo e sou seguida de todos os outros. Ele estava super cansado! Disse que um pouco antes de chegar a Milho Verde, desviou caminho para ver uma cachoeira e ali permaneceu um bom tempo. Provavelmente teríamos passado por ele nesta hora. Depois, ele seguiu para a vila e ficou nos aguardado. Como não chegávamos nunca, decidiu ir para S. Gonçalo. Muito mais aliviados, ligamos para a polícia avisando que o desaparecido 'aparecera'.

O jantar, preparado com muito carinho por Ana Maria, estava delicioso: típica comida mineira, sobre um fogão a lenha com bastante opções.




Depois do jantar, seguimos para nossos quartos a fim de descansarmos.

Seguem algumas imagens do Belo Refúgio:



Aqui tem artesanato feito em Capim Dourado, por uma cooperativa da região. É exposto e vendido na pousada. 


E assim terminou mais um dia no Caminho dos Diamantes...
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Reserva confirmada no Refúgio 5 amigos - recomendado
Fone 38.3541-6037 / 8818-7635
refugio5amigos@ig.com.br
R$ 70,00 com almoço e café da manhã

http://www.pousadarefugio5amigos.com.br/
Fotografia:
Claudia Jak
Maria Mendes
Vera Marques

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