terça-feira, 30 de setembro de 2014

DIA 04 - BOM JESUS DO AMPARO A ITAMBÉ DO MATO DENTRO - 45 KM

ALTIMETRIA POR TRECHOS




Detalhes do Caminho

Bom Jesus do Amparo a Ipoema - A estrada asfaltada plana, em boas condições, com presença de leves subidas, pouca sombra, com belas paisagens. Do marco 409, é possível avistar a Fazenda Colonial Cabo de Agosto, que já era citada nos relatos de viagem de Saint Hilaire, botânico e naturalista do século XIX. Ipoema tem uma boa infraestrutura turística, Museu do Tropeiro e várias cachoeiras e, em especial, a Cachoeira Alta com 110m de queda. 



Ipoema a Itambé do Mato Dentro - O trecho oscila entre descidas curtas e partes planas. Boa parte será em estrada de terra, apenas os últimos 14 km em asfalto. É possível ver, simultaneamente as serras do Lobo, dos Linhares e dos Alves. Mais ou menos no Km 17 passa-se no povoado de Senhora do Carmo, onde tem como seus principais atrativos, belas cachoeiras sendo que uma delas, corta a estrada, revelando uma vista de fazer inveja às demais. Mato Dentro é uma importante cidade da época aurífera mineira, com muita rocha e belíssimas cachoeiras. 


_________________________________________________________________________________

Diário de Bike

Dormimos muito bem na Pousada Real, aqui em Bom Jesus. Ás 7h acordamos e descemos para fazer nosso desjejum. 



Visão que tínhamos em frente a pousada
Café da manhã tomado, partimos para organizar nossas coisas. 




Esta foi a foto oficial de partida... 


Infelizmente não ouvi quando Fernando disse que já estávamos na saída da cidade e, por isso, fiz todos descerem até o centro. Quando chegamos em frente a igreja, li o mapa e percebi que tínhamos que voltar, subindo novamente, próximo a pousada. Nesta foto Carlão me avisava que sabia disso, por isso estou a ponto de bater nele, rsrs


Subimos novamente e partimos em direção a Ipoema. O trecho em asfalto é bem tranquilo, com umas paisagens lindíssimas!






Em certo momento, paramos no final de uma subida para agrupar o pessoal. De repente, passou estes dois ciclistas por nós. Fui toda simpática na direção deles, tirei a foto e disse: Oláááá! Ao invés de parar, apenas nos perguntaram: 'Estão indo em direção a Diamantina??'  Ao que respondemos: 'Sim!' Ai, eles disseram: 'Boa sorte!', e seguiram em frente. Olhamos uns para os outros e rimos... ooo pessoas mal humoradas. Tadinhos, acho que deviam estar bem cansados para agirem assim, enfim...



Seguimos viagem pelo asfalto, apreciando as belíssimas paisagens!




Rapidamente chegamos a Ipoema, a cidade dos Tropeiros. Logo na entrada da cidade, há um tropeiro com sua mula (em cima tá!). 


Decidimos parar na Pousada Real de Ipoema para pegar o carimbo. Ontem, infelizmente, ficamos sem o registro devido ao feriado. Aqui, pudemos conhecer o Sr. Roneijober, um fotógrafo e jornalista que também faz trabalhos como diagramador em uma revista, sobre a Estrada Real. A pousada é lindíssima e muito bem cuidada... pena que não poderemos ficar.











Seguimos para o centro da cidade e logo avistamos o museu dos tropeiros, próximo a igreja N. Sra. Conceição, 1915.


Mas, para nossa tristeza, estava fechado.



No entanto, percebi que havia certa movimentação lá dentro. Bato na janela e aparece uma senhora morena, vestida de segurança, muito simpática. Contei a ela que estávamos de passagem e que em nossa cidade é muito forte a história do tropeirismo. Devido a isso, estávamos muito ansiosos para conhecer este o museu. Foi mais que o suficiente para nos deixar entrar, fotografar e ainda nos dar água gelada de brinde...

São mais de 400 peças, muito bem conservadas!



















Ao sair do museu, aproveitamos para nos reabastecer de pão de queijo (alias, foi um dos melhores que comi!). 


Aproveitamos também para calibrar os pneus.


E seguimos viagem... 



Este primeiro trecho, até Senhora do Carmo, é espetacular! Aqui há umas montanhas e paisagens magnífica e é bem tranquilo para se pedalar. 








Ao pararmos, a fim de agrupar o pessoal, conhecemos mais um grupo, da cidade de Mariana. Eles foram muito simpáticos e pararam para conversar. Após a foto, seguiram viagem, pois pretendem fazer o caminho em 4 dias e, para isso, ainda tinham muitas horas de pedal, pela frente... 


E nós, encantados com as paisagens, seguimos fotografando tudo!










O alforge da Verinha estava meio solto. Por isso, paramos para dar uma ajustada. 




Chegamos em Senhora do Carmo sob um sol terrível. Aqui, paramos em uma mercearia e tomamos bebidas geladas para refrescar.  




Quando comecei a separar as tralhas de viagem, em casa, falei para meu excelentíssimo levar as luvas... mas ele não quis. Por castigo do destino, no segundo dia, ele já reclamava de insolação. Mesmo passando protetor solar, ele dizia que estava 'fritando'. Quando chegamos aqui, ele disse que não estava aguentando mais... que iria colocar um saquinho plástico para ver se melhorava. No entanto, entrei na mercearia e encontrei uma meia social para vender. Comprei, fiz uns buraquinhos para os dedos e dei a ele sua nova luva... ele amou, rs. E viva a gambiarra!



Levamos um pequeno susto quando o câmbio traseiro do Zé virou... mas nada que um puxão daqui e dali não fosse o suficiente para resolver. 


O sol estava nos castigando... e para ajudar, daqui até Itambé, seguiremos em asfalto . 




Zé, Claudinha e principalmente Verinha estavam sentindo muito desgaste, neste trecho. Por isso, pedalávamos até algum ponto que havia uma sombra e aguardávamos eles. O calor era tão intenso que o asfalto, em alguns trechos, pareciam estar derretendo. 

Segue o parecer de minha querida amiga Verinha sobre o que estavam sentindo: 


'Nesse trecho de asfalto o sol foi inimigo ... era escaldante e o calor insuportável. Quando olhei para o asfalto que literamente derretia, pensei : isso é insano!!!! Impossível continuar, a temperatura passava dos 40ª graus. Nossos amigos seguiam em frente e eu dizia  “ preciso de sombra, preciso de sombra olha esse asfalto esta derretendo” É insano. Estávamos em uma estrada de asfalto e claro, todas as arvores que ali existiam tinham sido arrancadas em beneficio do progresso. E lá íamos nós...sol,sol, asfalto derretendo até que avistei uma minúscula sombra e me joguei embaixo dela. Nossos amigos pensaram que eu estava passando mal e correram em meu auxilio. Na verdade só precisava acreditar que o sol não iria me vencer... então segui em frente.'




O pneu traseiro da Maria não aguentou e acabou furando. A blocagem, um tipo de parafuso que segura a roda, não era o indicado... estava meio curto e isso dificultou muito. Acho que levamos uns 30 minutos para consertar mas, por sorte, eles conseguiram. 



Pegamos uma longa subida nos últimos quilômetros deste dia... e para piorar, não tínhamos nos alimentado muito bem... todos estavam cansados e meio irritados. Bem nesta hora, passou um senhor de moto e parou ao nosso lado. Ele perguntou onde ficaríamos hospedados, ao que respondo o nome da pousada. Ele, com a maior cara de pau, diz: 'Não sei onde fica... sou dono da pousada X, fiquem com meu cartão, qualquer coisa apareçam!' Fiquei tão furiosa! Ele sequer perguntou se estávamos bem, se precisávamos de algo... só se preocupou com o ganho dele, mentindo, pois é claro que ele conhecia a pousada onde ficaríamos. De forma rude respondi: 'O Sr. não conhece, mas eu sim, já fiz reserva e está pago. Aliás, a sua pousada tem um telefone que não funciona, pois tentei ligar várias vezes e ninguém atendeu... por isso, obrigada, mas não estamos precisando de nada!' Ele ligou a sua moto e partiu. O Carlão olhou para mim e disse: Nossa, que brava, rs. Olho para o Filipe, que estava comendo a 'farinha' que havia virado o bolo que  trouxe, do café da manhã. Ele comia e dizia: Nossa que coisa ruim, seca... peguei da mão dele e comecei a comer, como uma esganada... acho que minha 'raiva' era mais fome, que outra coisa... olhei em volta, todos comiam alguma coisa, parados, pensativos. Tive uma crise de riso por ver o 'estado' cansado e faminto de todos... 


Seguimos agora numa longa e agradável descida até a cidade de Itambé. 



Para nossa alegria, a pousada era bem na entrada da cidade... Dona Nívea nos aguardava e já foi dizendo que tinha uma bela corredeira, atrás da pousada, nos aguardando. Rapidamente nos trocamos e fomos nos refrescar no lago. 












Depois de algumas horas por aqui, seguimos para o banho, super relaxados e felizes... A querida Nívea ainda nos deixou usar sua máquina de lavar e por isso aproveitamos para ficar sentados conversando. 


As 20h seguimos para o refeitório da pousada e, após 48 horas só comendo 'lanchinhos', fizemos a melhor refeição do mundo! 



Após o jantar, Vera e Zé Marques nos disseram que amanhã não iriam pedalar... que ficariam por aqui, visitariam umas cachoeiras e tentariam nos encontrar no final do dia em Conceição do Mato Dentro, de ônibus ou de outra forma... Não sabia o que dizer! Vi o quanto eles haviam sofrido hoje. Para mim, uma viagem só deve ser feita se for prazerosa. Caso venha a ser sofrimento, não tem razão para se continuar. Mas Claudinha imediatamente disse: 'Não!! Vocês não vão parar!! Vamos continuar amanhã, todos juntos e se vocês não aguentarem eu também não aguentarei e ai pegamos carona, todos juntos!' Sinceramente achei isso muito arriscado, pois no dia seguinte, faríamos 2 trechos... o primeiro tinha 32 km e o segundo 26 km. A altimetria era muito pior do que a que tínhamos feito hoje. Verinha olhou para mim, como que me pedindo uma opinião. Pensei muito antes de responder e disse a eles que preferia não opinar. Respeitaria a decisão deles até por que, eu não tinha como fazer nada para ajudá-los durante o pedal, pois estava ficando difícil para todos nós. Apenas prometi que se a decisão deles fosse continuar, seguiríamos juntos... mas se decidissem ficar, embora sentiria muito a falta deles, respeitaria. Foi muito difícil dizer isso, mas é uma grande responsabilidade incentivar alguém a fazer algo que não sabíamos se poderiam conseguir. Não me perdoaria se algo acontecesse com eles em meio aos meus incentivos... 

Fomos dormir sem saber qual seria a decisão deles, pois iriam decidir amanhã... hoje não me sentia tão feliz, como normalmente me sinto. Mas tentei focar nos momentos divertidos que tivemos ao chegar aqui na pousada, para poder descansar e dormir...

_________________________________________________________________________________
Pousada Portal do Itambé - super recomendado!
Fones 31. 7119-7579 / 8378-7579 / 8354-1616 / 8319-3273
pousada.portaldoitambe@yahoo.com.br
R$ 85,00 - com café da manhã


http://pousadaportaldoitambe.blogspot.com.br/
Fotografia: 
Claudia Jak
Maria Mendes 
Vera Marques

2 comentários:

  1. Gostei muito da sequência de fotos do Museu do Tropeiro! Quando viajei pelas bandas do norte de Minas dei bobeira e não passei em Ipoema, ficando chateado por não conhecer este museu. Vendo estas fotos já deu para ter um bom gostinho do lugar.
    A disponibilidade da mulher que abriu o museu permitiu que vocês conhecessem o museu naquele dia, além de mim e outras pessoas que agora podemos conhecer um pouco do trabalho do local ao longo do tempo aqui pela Internet. Olha como boa vontade às vezes se multiplica por tempos e lugares, beneficiando pessoas que nem podemos imaginar...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Sylvio! Foi uma grande emoção entrar lá e poder conferir de perto!

      Excluir